"Não inovar é a única e maior razão para o declínio das organizações existentes. Não saber administrar é a única e maior razão para o fracasso de novos empreendimentos." – Peter Drucker
Os profetas do empreendedorismo estavam certos: para uma economia funcionar, é necessário empreender. O empreendedorismo conduz ao desenvolvimento econômico, gera e distribui riquezas e benefícios para a sociedade. Os empreendedores são realmente os grandes propulsores da economia.
Tenho especial admiração pelo esforço que diversas instituições como o Sebrae, o IEL, a Endeavor, a Anprotec, além de universidades, incubadoras e empresas juniores, têm dedicado à disseminação da cultura empreendedora. Porém, é importante nos questionarmos: empreender apenas é o suficiente?
Tenho calafrios sempre que visito a página do IBGE. Em um estudo realizado no ano 2000, constatou-se que a cada 10 novas empresas criadas, outras 6,45 são fechadas. Logicamente, é no sentido de atenuar esse quadro que a disseminação do espírito empreendedor encontra a sua principal razão. Por outro lado, parece-me que temos empreendedores demais e (bons) administradores de menos.
A situação é a seguinte: aproximadamente 93% das empresas criadas a cada ano são compostas por apenas quatro pessoas. Também existe uma forte relação entre o porte do empreendimento e as suas condições de sucesso: quanto menores as empresas, maior a taxa de mortalidade.
As entidades citadas acima concentram-se em dotar os empreendedores com as ferramentas básicas da gestão empresarial. O que podemos perceber é que tais conhecimentos não têm sido o suficiente para garantir-lhes um lugar ao Sol.
Os empreendedores acabam se deparando com situações não previstas em seus planos de negócios, e aí entra uma nova variável não incluída no estudo do IBGE: quanto menor o conhecimento do empreendedor em Administração, maior a sua probabilidade de fracassar.
Deve-se acabar com a ilusão de que apenas empreender é o suficiente. É preciso que se entenda que uma empresa se constrói no dia a dia, através de um fluxo contínuo de resolução de problemas, gerenciamento de conflitos e de jogos de interesse, tomada de decisões, relacionamento com clientes e fornecedores, gestão de pessoas e de recursos – um processo intenso de planejamento, organização, direção e controle, para relembrar as funções clássicas delineadas por Fayol. Em resumo: os empreendimentos precisam ser administrados para que possam gerar resultados satisfatórios e progredir.
Peter Drucker já afirmava que tentar dissociar a Administração de Empresas do Empreendedorismo seria o mesmo que dizer que "a mão do violinista que dedilha as cordas e a mão que comanda o arco são 'adversárias' ou 'mutuamente exclusivas'". O empreendedor deve saber administrar, assim como o administrador também deve ser dotado de forte espírito empreendedor. Somente assim construiremos empresas duradouras e bem-sucedidas.
E então: o espírito empreendedor é necessário? Sim. É fundamental. Mas esse espírito precisa encontrar um corpo capaz de administrar negócios, senão de nada adianta.
por Leandro Vieira, CEO do Administradores
Fonte: administradores.com
Fonte da imagem: adaptado do Freepik
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