Tomar a decisão de sair do emprego — com ou sem plano — exige mais do que coragem. Exige clareza.
Por que tantas pessoas pensam em pedir demissão ou aceitar um plano de desligamento, mas travam na hora de decidir? Em tempos de incertezas econômicas, "burnout" generalizado e oportunidades nascendo fora do modelo tradicional de carreira, cada vez mais profissionais se questionam: “E se eu usasse essa oportunidade para começar algo meu?”
Essa dúvida, que já gerou artigos virais e milhares de e-mails para autores como o jornalista e empreendedor Bill Murphy Jr., segue atual — talvez ainda mais.
Segundo ele, o melhor caminho não é buscar conselhos prontos, mas fazer as perguntas certas. Por isso, compilou 10 questões que qualquer pessoa deve se fazer antes de aceitar um plano de demissão ou tentar empreender com o valor da rescisão.
A seguir, destacamos as principais — e o que elas revelam sobre sua motivação, preparo e alinhamento com o momento de vida e mercado:
1. Você está fugindo ou buscando algo?
A decisão vem de exaustão, frustração ou desejo genuíno de construir algo? Uma iniciativa nascida da fuga pode não sustentar o esforço necessário para empreender.
Complemento: Pesquisas mostram que negócios fundados apenas como “rota de escape” de um trabalho insatisfatório têm menor taxa de sobrevivência. O empreendedor que constrói a partir de um propósito claro tende a manter a resiliência em momentos de crise.
2. Você faria isso mesmo sem um plano de desligamento?
Se a ideia de empreender só surgiu com a possibilidade da rescisão, talvez seja um impulso. Se já vinha amadurecendo esse plano, agora pode ser a hora.
Complemento: Teste a ideia antes de tomar a decisão final. Um “projeto piloto” ou um negócio paralelo pode revelar se você realmente gosta e entende do que quer fazer.
3. Você tem uma reserva ou fonte de renda?
Saber quanto tempo pode viver sem receita ajuda a definir prazos e metas realistas. Não basta sonhar: é preciso calcular a runway.
Complemento: O ideal é ter de 6 a 12 meses de despesas pessoais e operacionais guardadas. Caso contrário, o risco de tomar decisões precipitadas por falta de caixa aumenta exponencialmente.
4. Quem você sustenta — e quem te apoia?
Seus compromissos familiares e sua rede de apoio (emocional ou financeira) fazem diferença. Empreender exige energia, e solidão é um risco subestimado.
Complemento: O apoio não é só financeiro — ter pessoas que acreditam na sua visão ajuda a manter a motivação nos períodos de incerteza.
5. Qual problema seu negócio resolve?
Uma ideia que não resolve nada relevante dificilmente sobrevive. Quanto maior o problema, maior o valor percebido pelo cliente.
Complemento: Negócios bem-sucedidos geralmente se baseiam em três pilares: problema claro, solução viável e mercado disposto a pagar por ela. Teste esses três antes de investir pesado.
6. Você já sabe como conquistar o primeiro cliente?
Ter um plano mínimo de aquisição é mais valioso do que um pitch perfeito. Mesmo que não seja escalável, você precisa validar a proposta.
Complemento: Um único cliente pagante vale mais que 100 curtidas nas redes sociais. Comece pequeno, mas com transações reais.
7. Você sabe o que faria se tudo desse errado?
A visão de um possível fracasso ajuda a testar sua resiliência — e a preparar um plano B. O medo não deve paralisar, mas precisa ser enfrentado com lucidez.
Complemento: Plano B não significa desistir; significa ter rotas alternativas que mantenham sua renda e habilidades ativas.
8. E se tudo der certo?
Vale também imaginar o cenário positivo: o que significaria sucesso para você? Liberdade? Renda? Propósito? Clareza sobre isso ajuda a manter o foco.
Complemento: Ter métricas claras de sucesso evita que você trabalhe sem rumo. O que é “dar certo” para um pode não ser para outro.
9. Quais decisões você precisa tomar agora?
Desde onde vai trabalhar, passando pelo plano de saúde, até como cortar custos no curto prazo — empreender exige decisões práticas, não apenas estratégias.
Complemento: Liste suas despesas fixas e variáveis. Cortar custos cedo dá mais fôlego para o negócio se estabelecer.
10. Você está pronto para lidar com a dúvida?
Empreender é agir com menos certezas e mais intuição. E isso exige autoconhecimento. Saber se está tomando uma decisão por instinto, intuição ou medo pode mudar tudo.
Complemento: O caminho do empreendedor raramente é linear; estar confortável com ajustes e revisões constantes é essencial.
O que realmente está em jogo?
Tomar uma decisão como essa não é só sobre finanças ou oportunidades. É sobre futuro. E como todo grande salto, exige coragem — mas também preparo, clareza e um olhar honesto para dentro.
Perguntar a si mesmo “quem serei daqui a cinco anos se eu aceitar (ou não) esse caminho?” pode ser a provocação mais importante da sua trajetória profissional até aqui.
Como bem conclui Murphy Jr., “às vezes o melhor passo é seguir em frente. Outras vezes, é ficar onde está. O que importa é tomar essa decisão com consciência — e não por impulso.”
Reflexão extra: o fator mercado
Além das questões internas, é preciso considerar o momento econômico e o nicho em que deseja atuar. Oportunidades existem até em crises, mas exigem adaptação: negócios digitais, serviços personalizados, produtos sustentáveis e soluções para o bem-estar tendem a crescer. A decisão de empreender deve equilibrar o que você quer fazer com o que o mercado está disposto a pagar.
Checklist rápido antes do salto
Abaixo temos uma lista de perguntas para ajudar ainda mais nessa decisão.
- Tenho clareza sobre o problema que resolvo?
- Tenho reservas financeiras adequadas?
- Já testei minha ideia no mercado?
- Estou preparado para mudanças de rota?
- Tenho apoio emocional e estratégico?
| "No fim, o verdadeiro plano de carreira é aquele que você escreve com coragem, estratégia e a consciência de que toda grande mudança começa com uma decisão bem pensada."
Texto original criado pela Redação da ADM
Complemento sobre o assunto do texto original feito pela ACTIO Consultoria & Treinamentos
Fonte: administradores.com
Fonte da imagem: adaptado do setstory.com
E você, faria outra pergunta antes da decisão? Deixe nos comentários!
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